Os filhos de Lobato – o imaginário infantil na ideologia do adulto, de José Roberto Whitaker Penteado, Editora Globo.
É um livro instigante. Pois leva os estudos sobre o maior autor brasileiro de literatura infantil para uma nova direção e um novo patamar. E no caminho, amplia a percepção da presença, da influência e da importância de Lobato em particular e da literatura infantil em geral.
O livro agora reeditado é apresentado por uma das maiores sucessoras de Lobato, Ana Maria Machado, e tem prefácios do historiador e acadêmico José Murilo de Carvalho e de Muniz Sodré de Araujo Cabral.
Ana Maria Machado em seu texto de apresentação lembrou muito bem que nas obras de Monteiro Lobato os conceitos importantes, valores a ser respeitados, eram transmitidos de modo muito divertido e apaixonante, sem ar de lição chata, apenas por meio da imaginação que dominava as narrativas. Essas histórias imaginadas, com muito senso de humor e muita brasilidade de linguagem, eram bem diferentes dos outros livros à disposição das crianças naquele tempo. Por isso, é que dava perfeitamente para que os leitores adotassem Lobato como "pai". Todos queriam morar nos livros que ele escreveu e naquele mundo encantado que Monteiro Lobato criou.
José Murilo de Carvalho nos lembra que muitos trabalhos ja escritos sobre Lobato dedicavam a fazer a bibliografia, tentar interpretar sua obra, mas, nenhum se propusera a avaliar o possível impacto de sua obra, e, este livro vai além do impressionismo e fornece números que atestam com segurança tal difusão. Com levantamento cuidadoso dos livros de Lobato, de 1927 a 1955 foram 1,3 milhão de livros lançados no mercado. Numa epoca que nao tinha TV e havia poucos aparelhos de rádio, pode-se multiplicar este número por 3 ou por 4 para obter o número aproximado de leitores e de potenciais filhos de Lobato. José Roberto fez exaustiva mineração em toda obra infantil de Lobato, e escolheu alguns temas que giram em torno da família, da mulher, da religião, do Estado, do indivíduo, da autoridade, do nacionalismo, do progresso, e, ainda acrescentou um tema que surpreendeu a todos, a loucura.
Muniz Sodré de Araújo Cabral declara sua admiração por este livro de José Roberto Whitaker Penteado pela qualidade da narrativa, seriedade da pressuposição, e, deixando claro que os ensinamentos históricos, mitológicos, geográficos e gramaticais, convergem para uma original configuração ideológica, responsável pela boa formação e um número incalculável de brasileiros de diferentes classes sociais. Pois, segundo Penteado, o leitor mirim era estimulado a não ter medo de fazer perguntas, a buscar a aventura, a romper os limites colocado pelo universo adulto, entre fantasia e realidade.
José Roberto Whitaker Penteado
O livro é, portanto, um trabalho que não deixa dúvidas quanto ao alcance do faz de conta lobatino: fez a cabeça de gerações inteiras com o Brasil a título de saboroso conteúdo. É um trabalho que vem oportunamente mostrar que a tradição cultural brasileira é capaz de oferecer fontes ricas para a retomada e a ampliação do que o país ainda tem de melhor.
Penteado apresenta neste livro um belíssimo trabalho de pesquisa que realizou, conforme alguns gráficos e tabelas observados abaixo. Na primeira tabela abaixo pode-se acompanhar que mesmo os homens sendo entrevistados em maior número, porém, foram as mulheres que se destacaram quando declaram em maior percentual, que a leitura das obras de Lobato, sim, influenciaram na sua formação educacional.
É possível observar entre as pessoas entrevistadas, 66% foram homens. E, ao que se refere a faixa etária, 76% dos participantes integravam a faixa etária de mais de 50 anos, estando em segundo lugar com 22% a faixa de 40 a 50 anos. E, quando questionada a informação referente ao grau de instrução, 90% dos participantes desta pesquisa, declarou possuir nível superior.
Na tabela abaixo pode-se observar com detalhes ao que se refere a atividade profissional declarada pelos participantes desta pesquisa, o maior percentual esta entre os empresários, executivos, seguidos dos funcionários públicos e políticos, e em terceiro as pessoas que desenvolvem atividades nas área de comunicação, literatura e jornalismo.
Quando a pesquisa questionou se esta pessoa havia lido as obras de Monteiro Lobato, 88% declarou afirmando que sim. E quando foi questionado a época que leram os primeiros livros deste autor, 50% destas pessoas afirmaram ter sido nos anos de 1950 a 1960 e, 48% em 1940 a 1950. Somente 2% declarou ter lido após os anos de 1960.
Quando foram questionados se eles consideravam que estas leituras das obras de Lobato influenciaram na formação das ideias e opiniões de adulto, 17% considerou bastante e, 13% afirmou ter sido muito influenciado.
Vale MUITO a pena conferir, o livro tem uma narrativa agradável.
Boa Leitura e claro, por que não, Lobato, o Sítio do Pica-pau Amarelo, Dona Benta e Tia Anastácia, sempre nos fará recordar e desejar aquelas delicias do campo, portanto, Boa Leitura e Bom Apetite.
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