A capa já me assustou!
Eu estava louca pra ler o livro. Confesso que quando saiu o filme, não fui ver. Sou dessas que, quando a história é boa mesmo, prefere ler o livro antes. Então esperei.
O tempo passa voando e só agora consegui parar para lê-lo. E não me arrependi.
BASEADO EM FATOS REAIS de Delphine de Vigan, da editora Intrínseca.
O livro começa com a personagem Delphine falando que alguns meses após lançar seu último livro, ela não conseguia, literalmente, escrever nada. Nada de cartas, bilhetes, post-its, e-mails, listas de compras. NADA. Silêncio total. Parte desse bloqueio vem de uma fragilidade que ganham maior peso quando ela começa a receber cartas anônimas, acusando-a de ter causado muito dano à sua família, já que o romance fala de muitas coisas pessoais e envolve familiares. Mas muito deste bloqueio, ela conclui, pensando em tudo que aconteceu, se deve também a presença de L., uma ghost-writter.
Daí a personagem Delphine começa a relatar, como em um livro de memórias, um romance sobre o período que conheceu L. e como está entrou em sua vida e a transformou completamente. Nós leitores, ao longo do texto começamos a ver que algo não anda bem... E Delphine também vê, mas logo em seguida acha que está exagerando, que seu cérebro está lhe pregando uma peça, que não viu direito... Cabe ao leitor decidir se existe alguma distorção, ou não.
Um dos postos forte do livro é discutir Ficção, autobiografia, autoficção. A ghost-writer acha que os escritores precisam escrever sobre suas verdades, é isso que o público leitor quer.
Ele não está interessado em nada inventado, Quer ver e saber das verdades, do que o escritor é feito, como ele se constituiu. Quer saber que o outro também tem suas dores, seus traumas, suas angústias. e apesar disso, em função disso, escreve, sobrevive. O debate entre Delphine e L., entre a natureza da verdade e da ficção, onde um termina e o outro começa, e quanto de si mesmo um escritor pode (e deve) revelar trabalhos se torna calorosa e vemos, à medida que a narrativa se arrasta lenta (sim, vai ficando mais lento, mas mais revelador a cada página) mas inexoravelmente em direção ao fim do livro e do estrangulamento fortalecedor de L. sobre a existência depressiva e frágil de Delphine.
O fim é aberto e nos deixa cheio de dúvidas, ou não? Você é quem decide.
A história ainda ficou ecoando dentro de mim, após a leitura, minha mente continuou a examinar tudo que aconteceu. Adorei.
O livro ainda ganhou dois prêmios:
Prix Goncourt des Lycéens 2015
Prix Renaudot 2015
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